segunda-feira, 22 de outubro de 2012

W.H.Auden (1907-1973)


Em honra ao calcário

Se ele forma a única paisagem de que nós, os inconstantes,
Estamos sempre saudosos, isso acontece, especialmente,
Porque ele dissolve em água. Guarde essas inclinações do terreno
Com sua superfície sabendo a tomilho e, embaixo,
Um sistema secreto de cavernas e passagens, escute as fontes
Que borbulham aqui e ali como se fossem risadas,
Cada uma delas enchendo uma poça pelo peixe e pela escultura
Sua própria ravina cujas paredes entretém
A borboleta e o lagarto, examine esta região
De pequenas distâncias e lugares definidos:
O que poderia ser mais Maternal ou um melhor pano de fundo
Para o filho, o macho galanteador que se recosta
Contra uma pedra sob o sol, sem duvidar
De que mesmo com suas falhas é amado, cujos esforços são
Meras extensões de seu poder de encantar? Dos campos naturalmente crescidos
Aos templos construídos, de águas surgidas à força a
Fontes pronunciadas, desde um vinhedo selvagem a um domado,
São engenhosos ainda que pequenos passos que o desejo de uma criança
Em receber mais atenção do que seus irmãos, da
Maneira que for, pode facilmente suplantar.

Em seguida, observe o grupo de rivais enquanto eles sobem
As trilhas de pedras altas em dois ou três, às vezes
Com os braços em outros braços, mas jamais, graças a Deus, com os pés,
\ ou amarrados
No lado umbroso de um quadrado sob o meio-dia com
Um discurso volúvel, conhecendo a todos bem demais para imaginar
Que existam segredos importantes, incapaz de
Conceber um deus cujos humores e tremores sejam de ordem moral
E não ser apaziguado por um texto inteligente
Ou uma boa cantiga: pois está habituado com uma pedra que reage
Ele jamais teve de esconder o rosto por temor
De uma cratera cuja fúria fumegante não pode ser regulada,
Ajustada às necessidades locais dos vales
Onde tudo pode ser tocado ou alcançado a pé,
Seus olhos nunca se fixaram no espaço infinito
Pela treliça do rastelo de um nômade, nascido com sorte,
Suas pernas nunca se depararam com os fungos
Nem com os insetos da mata, as formas e vidas monstruosas
Com as quais, gostamos de pensar, não guardamos semelhança alguma.
Então, quando alguém passa para o mal, o modo de funcionamento da mente
Permanece incompreensível: virar gigolô,
Ou vender jóias falsas ou arruinar uma bela voz de tenor
Por efeitos que põem a casa abaixo, poderia acontecer a qualquer um
Mesmo aos bons e aos maus...
É por isso, creio eu,
Que o bom e o mau jamais permaneceram aqui por muito tempo, apenas buscavam
Solos desregulados onde a beleza não era tão visível,
A luz menos aproveitável e o sentido da vida
Algo mais que um campo destruído. “Vem”, gritaram os restos de granito
"O quão evasivo é teu humor, o quão acidental é
Teu beijo mais doce, o quão permanente é a morte." (Pretensos santos
Se vão conjurando.) "Vem!", bramiram a argila e o cascalho,
"Em nossos domínio, há espaço para braços a cavar; rios
Esperam ser desbravados e escravos aguardam para construir-lhe uma tumba
Em grande estilo: suave como o barro de que é feita a humanidade e ambos
Prescindem alterações." (Césares pretensos se levantam e
Saem, batendo a porta.) Mas os incautos foram pegos
Por uma voz mais fria, mais macia, o suspiro dos oceanos:
"Sou a solidão que não pede nada, não oferece nada;
É por isso que eu te liberto. Inexiste o amor;
Só há inveja, toda ela triste."

Elas tinham razão, minha cara, todas essas vozes tinham razão;
e ainda têm; esse terreno não é o doce lar que parece;
Nem sua paz vem da calma histórica de um lugar
Onde algo se estabelecera de uma vez por todas: uma retrógrada
Província dilapidada, ligada ao
Mundo por um túnel com um certo apelo
Promissor, isso é tudo que é agora? Não exatamente:
Possui uma obrigação mundana a despeito de si mesma
Que não se negligencia, mas questiona
Todos os grandes poderes a assumir; ela perturba nossos direitos. O poeta,
Admirado pelo seu mais sincero hábito de chamar
De sol o sol, sua mente se perturba, se constrange
Com essas estátuas de mármore, que tão obviamente duvida
De seu mito antimitológico, e desses moleques,
Perseguindo o cientista pela colunata adornada
Com tais ofertas vivazes, revive suas preocupações com os aspectos
Mais remotos da Natureza: também eu sinto-me reprovado, pela coisa
E você sabe o quanto. Não perder tempo, não se deixar ser preso
Não ficar para trás, nem, de jeito nenhum! Lembrar
As feras que se perpetuam, ou algo como a água
Ou uma pedra cuja condução é previsível, essas
São nossos pedidos, cujo maior conforto seja a música
Que pode ser feita em qualquer lugar, é invisível,
E é inodora. Temos que observar de longe
A morte como fato, sem dúvida temos razão: Mas se
Os pecados podem ser perdoados, se os corpos se levantam dos mortos
Essas modificações da matéria em
Atletas inocentes e fontes gesticulantes,
Realizadas só por prazer, guarde posteriormente:
Os abençoados não se importarão de que ângulo são considerados.
Já que não têm o que esconder. Querida, não sei nada das
Duas, mas quando eu tento imaginar um amor sem falha
Ou a vida do porvir, o que eu ouço é o murmurejar
Das correntes subterrâneas. O que vejo é uma paisagem calcárea.

Tradução: Eduardo Lima


In praise of limestone

If it form the one landscape that we, the inconstant ones,
Are consistently homesick for, this is chiefly
Because it dissolves in water. Mark these rounded slopes
With their surface fragrance of thyme and, beneath,
A secret system of caves and conduits; hear the springs
That spurt out everywhere with a chuckle,
Each filling a private pool for its fish and carving
Its own little ravine whose cliffs entertain
The butterfly and the lizard; examine this region
Of short distances and definite places:
What could be more like Mother or a fitter background
For her son, the flirtatious male who lounges
Against a rock in the sunlight, never doubting
That for all his faults he is loved; whose works are but
Extensions of his power to charm? From weathered outcrop
To hill-top temple, from appearing waters to
Conspicuous fountains, from a wild to a formal vineyard,
Are ingenious but short steps that a child's wish
To receive more attention than his brothers, whether
By pleasing or teasing, can easily take.

Watch, then, the band of rivals as they climb up and down
Their steep stone gennels in twos and threes, at times
Arm in arm, but never, thank God, in step; or engaged
On the shady side of a square at midday in
Voluble discourse, knowing each other too well to think
There are any important secrets, unable
To conceive a god whose temper-tantrums are moral
And not to be pacified by a clever line
Or a good lay: for accustomed to a stone that responds,
They have never had to veil their faces in awe
Of a crater whose blazing fury could not be fixed;
Adjusted to the local needs of valleys
Where everything can be touched or reached by walking,
Their eyes have never looked into infinite space
Through the lattice-work of a nomad's comb; born lucky,
Their legs have never encountered the fungi
And insects of the jungle, the monstrous forms and lives
With which we have nothing, we like to hope, in common.
So, when one of them goes to the bad, the way his mind works
Remains incomprehensible: to become a pimp
Or deal in fake jewellery or ruin a fine tenor voice
For effects that bring down the house, could happen to all
But the best and the worst of us...
That is why, I suppose,
The best and worst never stayed here long but sought
Immoderate soils where the beauty was not so external,
The light less public and the meaning of life
Something more than a mad camp. 'Come!' cried the granite wastes,
"How evasive is your humour, how accidental
Your kindest kiss, how permanent is death." (Saints-to-be
Slipped away sighing.) "Come!" purred the clays and gravels,
"On our plains there is room for armies to drill; rivers
Wait to be tamed and slaves to construct you a tomb
In the grand manner: soft as the earth is mankind and both
Need to be altered." (Intendant Caesars rose and
Left, slamming the door.) But the really reckless were fetched
By an older colder voice, the oceanic whisper:
"I am the solitude that asks and promises nothing;
That is how I shall set you free. There is no love;
There are only the various envies, all of them sad."

They were right, my dear, all those voices were right
And still are; this land is not the sweet home that it looks,
Nor its peace the historical calm of a site
Where something was settled once and for all: A back ward
And dilapidated province, connected
To the big busy world by a tunnel, with a certain
Seedy appeal, is that all it is now? Not quite:
It has a worldy duty which in spite of itself
It does not neglect, but calls into question
All the Great Powers assume; it disturbs our rights. The poet,
Admired for his earnest habit of calling
The sun the sun, his mind Puzzle, is made uneasy
By these marble statues which so obviously doubt
His antimythological myth; and these gamins,
Pursuing the scientist down the tiled colonnade
With such lively offers, rebuke his concern for Nature's
Remotest aspects: I, too, am reproached, for what
And how much you know. Not to lose time, not to get caught,
Not to be left behind, not, please! to resemble
The beasts who repeat themselves, or a thing like water
Or stone whose conduct can be predicted, these
Are our common prayer, whose greatest comfort is music
Which can be made anywhere, is invisible,
And does not smell. In so far as we have to look forward
To death as a fact, no doubt we are right: But if
Sins can be forgiven, if bodies rise from the dead,
These modifications of matter into
Innocent athletes and gesticulating fountains,
Made solely for pleasure, make a further point:
The blessed will not care what angle they are regarded from,
Having nothing to hide. Dear, I know nothing of
Either, but when I try to imagine a faultless love
Or the life to come, what I hear is the murmur
Of underground streams, what I see is a limestone landscape.


W.H. Auden

domingo, 30 de setembro de 2012

Allen Ginsberg (1926-1997)


 
 
UM SUPERMERCADO NA CALIFÓRNIA
  Quais pensamentos tive sobre você, Walt Whitman, pois caminhei
por ruas obscuras por baixo das árvores com uma enxaqueca semi-consciente olhando
para a lua cheia.
  Em minha fadiga faminta, e comprando imagens, eu entrei na loja
de frutas enfeitada de néon, sonhando com suas enumerações!
  Que pêssegos e que penumbras!  Famílias inteiras à noite às
compras!  Corredores cheios de maridos!  Esposas nos abacates, filhos nos tomates!
--e você, García Lorca, o que fazia lá pelas melancias?
 
  Eu vi você, Walt Whitman, sem filhos, o velho pária, escolhendo
entre as carnes na geladeira e de olho nos meninos do armazém.
  Eu vi você perguntando pra eles: quem fez o porco em pedaços?
Qual o preço das bananas?  És meu Anjo?
  Eu vaguei ao redor de brilhantes pilhas de latas, te perseguindo,
e persegui em minha cabeça, bancando o detetive da loja. Nos cruzamos /
/por corredores em nossas andanças solitárias
saboreando alcachofras, experimentando cada delícia congelada, sem jamais passar no 
caixa.
 
  Aonde vamos, Walt Whitman?  As portas se fecham dentro de uma hora.
Para qual caminho sua barba aponta essa noite?
  (Toco no teu livro, sonho com nossa odisséia no supermercado e me
sinto absurdo.)
  Andaremos por toda a noite por ruas solitárias?  As árvores juntam sombras
sobre sombras, luzes apagadas nas casas, ambos estaremos sozinhos.
  Cruza-nos-emos em sonhos com uma América perdida de amor em automó-
veis azuis por estradas, lar de nossas silenciosas cabanas?
  Ah, pai querido, barba grisalha, velho professor de coragem, qual América
possuía,quando Caronte desistiu de tocar a barcaça e você entrou 
numa banquisa de fumaça e lá permaneceu observando a barcaça ser engolida pelas águas negras do
Lete?
                                                                            Tradução: Eduardo Lima
 
A SUPERMARKET IN CALIFORNIA
  What thoughts I have of you tonight, Walt Whitman, for I walked 
down the sidestreets under the trees with a headache self-conscious looking 
at the full moon.
  In my hungry fatigue, and shopping for images, I went into the neon
fruit supermarket, dreaming of your enumerations!
  What peaches and what penumbras!  Whole families shopping at 
night!  Aisles full of husbands!  Wives in the avocados, babies in the tomatoes!
--and you, García Lorca, what were you doing down by the watermelons?
 
  I saw you, Walt Whitman, childless, lonely old grubber, poking
among the meats in the refrigerator and eyeing the grocery boys.
  I heard you asking questions of each: Who killed the pork chops?    
What price bananas?  Are you my Angel?
  I wandered in and out of the brilliant stacks of cans following you,
and followed in my imagination by the store detective.
  We strode down the open corridors together in our solitary fancy 
tasting artichokes, possessing every frozen delicacy, and never passing the 
cashier.
 
  Where are we going, Walt Whitman?  The doors close in a hour.
Which way does your beard point tonight?
  (I touch your book and dream of our odyssey in the supermarket and
feel absurd.)
  Will we walk all night through solitary streets?  The trees add shade
to shade, lights out in the houses, we'll both be lonely.
  Will we stroll dreaming of the lost America of love past blue automo-
biles in driveways, home to our silent cottage?
  Ah, dear father, graybeard, lonely old courage-teacher, what America
did you have when Charon quit poling his ferry and you got out on a 
smoking bank and stood watching the boat disappear on the black waters of
Lethe?
                                                                              Allen Ginsberg (1926-1997)

sábado, 15 de setembro de 2012

e.e.cummings (1888-1963)





e.e cummings (1888-1963)
maggie e milly e molly e may 
foram à praia à beira-mar (para brincar)
e maggie viu uma concha cantante 
tão doce que ela dos seus problemas não conseguia atinar; e
milly encetou um papo com uma estrela-do-mar 
cujo raio em cinco dedos lânguidos está
e molly foi caçada por um ser monstruoso 
que corria de lado enquanto ficava a borbulhar, e
may levou pra casa uma pequena redonda pedra 
tão minúscula para o mundo e tão grande para si.
Pois o quer que perdamos (como você ou eu) 
é sempe conosco que deparamos no mar.
Tradução: Eduardo Lima

maggie and milly and molly and may 
went down to the beach(to play one day)
and maggie discovered a shell that sang 
so sweetly she couldn’t remember her troubles,and
milly befriended a stranded star 
whose rays five languid fingers were;
and molly was chased by a horrible thing 
which raced sideways while blowing bubbles:and
may came home with a smooth round stone 
as small as a world and as large as alone.
For whatever we lose(like a you or a me) 
it’s always ourselves we find in the sea
e. e. cummings (1888-1963)

sábado, 11 de agosto de 2012

James Merril (1926-1995)


c o r p o


Veja as letras com atenção. Consegue enxergar,
penetrante (à direita do palco), depois flutuante,
depois evitando o confronto – no meio da rua --
como uma oriental meia-lua
o desenha o caminho do c ao r

-- como o p, sem resposta, bate à porta do palco?
Observou-o por muito tempo, as palavras falham,
desvanecem-se. Pergunte, agora que o corpo de brilhar
parou, por qual luz essas linhas você vai decorar,
e que representavam o c e o p.


Tradução: Eduardo Lima
b  o  d  y

Look closely at the letters. Can you see,
entering (stage right), then floating full,
then heading off – so soon --
how like a little kohl-rimmed moon
o plots her course from b to d

-- as y, unanswered, knocks at the stage door?
Looked at too long, words fail,
phase out. Ask, now that the body shines
no longer, by what light you learn these lines
and what the b and d stood for.

James Merril (1926-1995)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ezra pound (1885-1972)

 Excerpt from The Cantos

Trecho de Os Cantos
CXX
Tentei escrever Paraíso

Não se mexa
            Que o vento fale que
                        é o paraíso.

Que os Deuses perdoem os
            meus feitos
Que aqueles que eu amo tentem perdoar
            os meus feitos
Tradução: Eduardo Lima

CXX
I have tried to write Paradise

Do not move
            Let the wind speak that
                        is paradise.

Let the Gods forgive what I
            have made
Let those I love try to forgive
            what I have made.

Ezra Pound (1885-1972)

sábado, 4 de agosto de 2012

e. e, cummings (1888 - 1963)



Chansons Innocentes

na Recém-
primavera quando o mundo é lama --
lúbrico o pequeno
vendedor de balões

assobia distante e calado

e eddieebill chegam
correndo de bolinhas de gude e
brincadeiras e é
primavera

quando o mundo empoça – maravilha

o esquisito e velho
vendedor de balões assobia
distante e calado
e bettyedisbel chegam dançando
de amarelinha e pula-corda e

é
primavera
e
      o
vendedorDebalões

com pés-de-bode assobia
distante
e
calado


 (
(9999999
(tradução: Eduardo Lima)

Chansons Innocentes


in Just-
spring when the world is mud-
luscious the little
lame balloonman

whistles far and wee

and eddieandbill come
running from marbles and
piracies and it's
spring

when the world is puddle-wonderful

the queer
old balloonman whistles
far and  wee
and bettyandisbel come dancing

from hop-scotch and jump-rope and

it's
spring
and
   the
goat-footed

balloonMan whistles
far
and
wee
 e. e, cummings (1888 - 1963)


domingo, 29 de julho de 2012

John Ashberry (1927 - )


Paradoxes and Oxymorons


Paradoxos e oxímoros

Este poema tem uma preocupação com a linguagem num nível muito simples.
Observe-o conversando com você. Você olha pela janela.
Ou finge se agitar. Você o possui mas não o possui.
Você sente a falta dele, ele sente a sua. É recíproco.

O poema está triste porque ele quer ser seu, mas não pode.
O que é um nível simples? É isso e outras coisas.
Pôr um sistema de coisas em execução. Execução?
Na verdade, é isso, mas eu considero que executar seja

Um tema mais profundo e externo, um jeito sonhado de representar.
Como na divisão das benesses desses dias compridos de agosto
Sem prova. Obra aberta. E antes que você perceba
Esvai-se na corrente e na eloqüência das máquinas de escrever.

Foi executado mais uma vez. Acho que você existe somente
Para me provocar a fazê-lo, de seu jeito, e então você se foi
Ou adotou uma atitude diferente. E o poema
docemente me colocou ao lado de você. O poema é você.

Tradução: Eduardo Lima

Paradoxes and Oxymorons

This poem is concerned with language in a very plain level.
Look at it talking to you. You look out a window.
Or pretend to fidget it. You have it but you don't have it.
You miss it, it misses you. You miss each other.

The poem is sad because it wants to be yours, and cannot.
What's a plain level? It is that and other things.
Bringing a system of them into play. Play?
Well, actually, yes, but I consider play to be

A deeper outside thing, a dreamed role-pattern.
As in the division of grace this long August days
Without proof. Open-ended. And before you know
It goes lost in the stream and chatter of typewriters.

It has been played once more. I think you exist only
To tease me into doing it, on your level, and then you aren't there
Or have adopted a different attitude. And the poem
has set me softly beside you. The poem is you.

John Ashberry (1927)